
Depois das massivas manifestações pelo Brasil em defesa da anistia, a direita ganhou fôlego político e já começa a projetar 2026, mesmo diante das manobras do STF contra Jair Bolsonaro. Segundo o cientista político Thomas Traumann, caciques do Centrão teriam desenhado uma proposta ousada para preservar o capital eleitoral conservador: Tarcísio de Freitas como candidato à Presidência, com Romeu Zema de vice, e Michelle Bolsonaro disputando o Senado, com apoio de PL, PP, União Brasil e PSD.
O plano parte da iminente condenação de Bolsonaro, que deve perder seus direitos políticos. Para blindar a direita, a primeira etapa seria a aprovação da anistia geral, incluindo Bolsonaro, mas sem devolver sua elegibilidade. Assim, os caciques Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e Antônio Rueda (União Brasil) trabalhariam para transferir os votos do ex-presidente a Tarcísio, visto como o sucessor natural. Zema agregaria força no Sudeste, e Michelle ampliaria o alcance no Senado.
A engenharia eleitoral prevê ainda espaço para a família Bolsonaro, com Michelle no Senado pelo DF, Eduardo em São Paulo, Flávio no Rio e Carlos em Santa Catarina. Com exceção de Carlos, que ainda é incógnita, os demais têm chances reais de vitória. Essa composição manteria o clã politicamente ativo, enquanto Bolsonaro, mesmo inelegível, se tornaria o grande articulador e padrinho das candidaturas.
O acordo também contemplaria aliados estratégicos. A recém-criada federação União-Progressista teria direito a indicar segundos nomes ao Senado nos estados, enquanto o PSD de Gilberto Kassab ficaria com espaço privilegiado: Kassab disputaria o governo paulista com aval da direita unida, além de apoios para nomes como Matheus Simões em Minas, Alexandre Cury no Paraná, Eduardo Paes no Rio e Raquel Lyra em Pernambuco. Apesar da complexidade, os caciques acreditam ser uma equação viável.
Não é o cenário perfeito para os conservadores, mas traduz a lógica da política como “arte do possível”. A estratégia preservaria a influência de Bolsonaro, mesmo com a perseguição judicial em andamento, e garantiria que a direita siga com musculatura para enfrentar a esquerda em 2026. Se consolidado, esse arranjo pode unir governadores, parlamentares e empresários em torno de uma frente robusta contra Lula e o PT.