
O Brasil está diante de um dilema histórico: institucionaliza o revanchismo ou reafirma seu compromisso com a democracia. Jair Bolsonaro tornou-se o principal alvo de uma cruzada judicial que já não esconde seus contornos políticos. A perseguição contra o ex-presidente expõe um Judiciário contaminado por interesses ideológicos e disposto a reescrever a história à força. E diante disso, há uma resposta legítima, madura e constitucional: a anistia.
A pesquisa da AtlasIntel revela que 49,3% da população brasileira defende a anistia. Ou seja, metade do país entende que o processo contra Bolsonaro ultrapassa os limites da legalidade e flerta com o abuso de poder. O dado não revela apenas uma divisão — ele denuncia que há uma significativa parcela da sociedade enxergando a injustiça em curso. E essa percepção se fortalece quando apenas 12% da população confia no STF, segundo o PoderData. A toga virou palanque, e a Corte que deveria ser guardiã da Constituição virou um instrumento de intimidação.
Os fatos são irrefutáveis: Bolsonaro não deu golpe, não mobilizou tropas, não fechou instituições. Seus atos foram, no máximo, discursos inflamados — como muitos políticos fazem. Criminalizar palavras é abrir um precedente perigoso. Não há provas de articulação golpista. O que existe é narrativa, espetáculo midiático e uma vontade política de eliminar da disputa quem representa ameaça ao sistema.
A Constituição brasileira reconhece o instituto da anistia. E a história mostra que anistiar não é acobertar, é pacificar. Foi assim no fim da ditadura. Foi assim no julgamento do STF em 2010. E é exatamente isso que se espera agora: conter uma espiral de vingança que ameaça a alternância democrática. A Justiça não pode ser usada como ferramenta de retaliação, e nenhum cidadão pode ser punido para “servir de exemplo”.
A decisão de anistiar Bolsonaro não é jurídica. É política. E deve vir do Congresso Nacional, que representa a vontade popular. O povo está dividido — e isso exige uma resposta que pacifique, não que acirre. Se permitirmos que a perseguição judicial defina quem pode ou não concorrer, abriremos as portas para um autoritarismo silencioso, onde apenas um lado do jogo tem voz.
Anistiar Bolsonaro é impedir que o Brasil se transforme num país de trincheiras institucionais. É restaurar a política como espaço de diálogo e não de extermínio moral. É salvar a democracia da máquina de moer reputações que já ameaça devorar até seus criadores.
Porque, no fim das contas, condenar sem crime é que é o verdadeiro golpe.