
A Rede Sol Fuel Distribuidora, investigada por supostas conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC), mantém contratos milionários com órgãos do governo federal, incluindo a própria Presidência da República e diversos ministérios. A empresa foi alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada na última quinta-feira (28), em ação conjunta do Ministério Público de São Paulo, Polícia Federal e Receita Federal.
De acordo com documentos obtidos pela investigação, a Rede Sol acumula 26 contratos ativos com entidades públicas, que somam R$ 424 milhões. Os acordos incluem prefeituras, estatais e forças de segurança, com prazos que variam entre um e cinco anos. O que chama atenção é que, mesmo sob suspeita, a empresa continua prestando serviços diretamente ligados à máquina pública federal.
O proprietário da distribuidora, Valdemar de Bortoli Júnior, é apontado pelos investigadores como alguém de “sólidos vínculos com diversas entidades e indivíduos envolvidos em fraudes e lavagem de capitais”. A acusação reforça a gravidade do caso, já que o empresário segue operando contratos estratégicos com instituições federais e estaduais.
Entre os principais contratos da empresa está o fornecimento de querosene para o Comando da Aeronáutica, no valor de R$ 154 milhões. Outro acordo milionário envolve a Polícia Militar do Rio de Janeiro, que teria firmado contrato de R$ 148 milhões para abastecimento com gasolina comum. A presença da Rede Sol em setores de segurança nacional expõe ainda mais a fragilidade dos mecanismos de fiscalização do governo.
A própria Presidência da República contratou a empresa por R$ 3,1 milhões, destinados ao abastecimento de veículos oficiais e até das residências presidenciais. Já o Ministério da Fazenda possui um contrato de R$ 1,31 milhão, enquanto o Ministério da Saúde fechou acordo de R$ 330 mil para fornecimento de óleo diesel. O envolvimento direto da gestão de Lula da Silva em contratos com uma empresa sob suspeita de ligação com o crime organizado levanta sérias questões sobre responsabilidade e transparência.
A Operação Carbono Oculto apura um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis. Segundo os investigadores, a Rede Sol teria sido adquirida pelo fundo Mabruk II por R$ 30 milhões — versão que a empresa nega. Esse fundo, no entanto, já está na mira das autoridades por supostamente financiar aquisições do PCC no mercado de combustíveis, reforçando os indícios de infiltração do crime organizado em áreas estratégicas da economia nacional.