
Uma cena digna de comédia pastelão: dois vereadores de Belém, no Pará, abandonaram o bom senso e resolveram se enfrentar… num ringue de boxe. Lulu das Comunidades (PSDB) e André Martha (PSB) trocaram os discursos acalorados da Câmara Municipal por socos e jabs no sábado (21), numa luta que mais parecia uma sátira política do que qualquer ato de civilidade.
Apesar do espetáculo amador, Lulu levou a melhor segundo os juízes: 30-26, 30-26 e 30-25. Mas, em mais um clássico da hipocrisia política, o resultado oficial foi declarado como empate — tudo para que ambos pudessem sair por cima e suas comunidades fossem contempladas com cestas básicas. Em vez de um perder, os dois “ganharam”.
A desculpa usada foi a “solidariedade”: o perdedor teria que doar 50 cestas básicas para a comunidade do vencedor. Mas com o empate forjado, as duas comunidades acabaram recebendo — e os políticos, claro, saíram como heróis populares.
O episódio mostra como parte da política brasileira virou entretenimento raso, onde a seriedade é substituída por encenação e a lógica do marketing vale mais que a responsabilidade parlamentar. Que tipo de exemplo um vereador dá ao trocar o debate político por uma briga encenada em busca de likes?
Enquanto os problemas de Belém se acumulam — da insegurança à precariedade dos serviços públicos — os vereadores preferem posar de lutadores. O ringue virou palanque, e a política, mais uma vez, um espetáculo de autopromoção.