
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, surpreendeu ao anunciar em entrevista na TV uma aliança política com Ciro Gomes no Ceará para 2026. Além de retirar três processos que movia contra o ex-ministro, Valdemar deixou claro que a união tem como objetivo barrar o PT no estado, fortalecendo um palanque “antilula” que promete agitar o cenário eleitoral.
A jogada evidencia um ponto-chave da política: demonstração de força atrai aliados. Ciro, que foi descartado pela esquerda petista, encontrou na direita bolsonarista o espaço para manter sua relevância. Com o antipetismo em alta, ele pode surpreender e até conquistar o governo estadual, amparado tanto pelo histórico da família Ferreira Gomes quanto pelo novo arranjo com o PL.
O movimento causa ruídos. Afinal, Ciro foi alvo de duros ataques do PT nos últimos anos: acusou a prefeita petista Janaina Farias de recrutar jovens para “serviços sexuais” ligados a Camilo Santana (atual ministro da Educação), enfrentou pedido de prisão protocolado pela Advocacia do Senado a pedido do Ministério Público Eleitoral e chegou a ser atacado publicamente por Gleisi Hoffmann. Ainda assim, a Justiça negou a prisão, e o ex-ministro permaneceu no jogo.
Nos bastidores de Brasília, o Centrão também se articula. Reuniões e jantares já costuram a possibilidade de uma chapa nacional em 2026 formada por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para presidente e Ciro Gomes como vice. Uma composição improvável, mas que mostra como os polos políticos sabem se reinventar.
Claro que a aliança desagrada setores. Bolsonaristas do PL podem torcer o nariz para Ciro, e a esquerda lulista já o trata como “conservador de extrema direita”. No entanto, a política não admite vácuos, e essa aproximação pode redesenhar o mapa eleitoral. O jogo está sendo escrito agora, diante de nossos olhos — e cada movimento promete novos choques.