
As ameaças constantes contra ministros do STF teriam esgotado a paciência dentro da Corte. Integrantes mais reservados passaram a defender uma reação, diante do que consideram um clima de intimidação. Um ministro chegou a classificar a situação como “infantilização coletiva”, destacando que não se pode ceder a pressões externas ou internas.
Nesse cenário, o Supremo cogita usar a reciprocidade diplomática como forma de resposta. Caso bancos brasileiros sejam punidos pelas sanções da Lei Magnitsky nos EUA, instituições estrangeiras atuando no Brasil também enfrentariam medidas semelhantes. A ideia é deixar claro que, se houver pressão de um lado, o mesmo rigor será aplicado do outro.
A movimentação ganha força após o PT acionar a Justiça para impedir que bancos nacionais sejam punidos por manter contas de clientes sancionados pela Magnitsky. Com oito dos onze ministros já na mira das sanções de Trump, o STF estuda congelar qualquer efeito da lei americana no Brasil. Instituições financeiras que insistirem em restrições terão de escolher de que lado estão.
O impasse ainda revelou a dependência estratégica do sistema financeiro brasileiro da Amazon Web Services (AWS), que fornece infraestrutura crítica para os principais bancos. Diante disso, empresas de varejo nacionais vêm pressionando o Supremo, afirmando que existem alternativas no mercado, em um movimento que pode abrir um novo front no embate político e econômico.
Apesar do discurso repetido de que “a lei é para todos”, a prática demonstra outra realidade quando o assunto envolve integrantes da mais alta cúpula do Judiciário. Na teoria, todos deveriam responder por seus atos com igualdade. Na prática, porém, quando o alvo são ministros, a aplicação da lei parece encontrar barreiras invisíveis.
A população observa perplexa como casos que atingem pessoas comuns têm resposta imediata, enquanto processos que poderiam atingir figuras do Supremo Tribunal Federal simplesmente não andam. É como se houvesse uma espécie de blindagem institucional que protege determinados cargos e nomes.
Essa diferença de tratamento corrói a credibilidade das instituições e reforça a percepção de que existe um “cidadão de primeira classe”, imune às regras que todos os outros devem seguir. Assim, a tão defendida isonomia jurídica acaba virando um discurso vazio diante de uma realidade seletiva.