
Ao adotar abertamente a retórica do “nós contra eles”, o grupo que hoje comanda o Planalto deixa claro o que muitos já enxergavam: trata-se de uma estratégia típica de quem sonha com um controle total, no estilo dos regimes onde a divergência é tratada como ameaça. Enquanto apontam o dedo contra opositores, rotulando tudo como “golpismo”, silenciosamente constroem uma narrativa perigosa para a liberdade.
O fato de esse projeto ainda não ter sido implementado por completo não se deve à ausência de intenção, mas sim à falta de meios suficientes para apagar a resistência. Ainda não conseguiram as ferramentas plenas para fechar o cerco e consolidar uma hegemonia absoluta, mas os movimentos nessa direção são cada vez mais visíveis.
A situação atual já mostra sinais graves: há pouco ou nenhum espaço para liberdade de expressão política. Quem discorda do discurso dominante sofre sanções, é silenciado em plataformas digitais, e até enquadrado por medidas que restringem o debate. Os efeitos práticos são claros: medo, autocensura e intimidação.
Curiosamente, esse plano divide espaço com os interesses do Centrão — grupo que, embora não se destaque pela defesa das liberdades, também não parece inclinado a embarcar num modelo de controle total baseado em dependência econômica e fidelidade ideológica. Essa tensão entre projetos distintos dentro do governo revela um embate silencioso.
E diante desse jogo de ambições, onde ninguém realmente representa a liberdade plena, o melhor cenário seria que essas forças internas se anulassem. Que a disputa de poder os consuma por dentro — antes que o país perca de vez aquilo que resta de autonomia política.