
O líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), decidiu mirar diretamente no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao comentar o projeto de anistia em tramitação no Congresso. Em entrevista concedida neste domingo (14) ao jornal Folha de S. Paulo, Campos afirmou que a pressão exercida pelo PL só ganha força quando Bolsonaro está em risco.
Segundo o parlamentar, o movimento de defesa da anistia não estaria voltado aos manifestantes presos desde os atos de 8 de janeiro, mas sim à proteção do ex-chefe do Executivo. “Quem impulsiona anistia para Bolsonaro são sempre aqueles que estão mais preocupados com ele do que com a anistia de 8 de Janeiro. Essa temperatura da anistia só sobe quando Bolsonaro está em risco. Quando é só sobre as pessoas do 8 de janeiro, o PL não fica nessa comoção toda”, declarou.
Campos também recuperou falas antigas de Bolsonaro, acusando-o de ter chamado os manifestantes de “baderneiros” e de ter abandonado seus apoiadores ao viajar para os Estados Unidos após as manifestações. “Aquelas pessoas sempre foram usadas por ele. Foram abandonadas por ele desde o dia que pegou um avião e foi para os EUA e continuam abandonadas. Se elas forem esperar por Bolsonaro para serem soltas, não vão ser soltas nunca”, afirmou.
As declarações surgem no momento em que Bolsonaro enfrenta a condenação mais dura de sua trajetória política. Em 11 de setembro, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 4 votos a 1, impor ao ex-presidente uma pena de 27 anos e 3 meses de prisão, sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Votaram pela condenação os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Apenas o ministro Luiz Fux divergiu, apontando falhas jurídicas, incompetência da Corte e cerceamento de defesa.
No Congresso, a batalha pela anistia promete se intensificar nesta semana. Líderes partidários se reunirão na terça-feira (16) para definir a pauta. A oposição já estuda obstruir as votações caso o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se recuse a colocar o projeto em discussão. Embora a Constituição declare que crimes contra a democracia são imprescritíveis, não há vedação expressa à concessão de anistia — o que mantém o embate aberto e com grande potencial de gerar nova crise institucional.