
Um político influente com acesso direto aos ministros do STF afirmou ao jornal O Globo que magistrados estariam “apavorados” com a possibilidade de serem atingidos pela Lei Magnitsky, mecanismo americano que permite sanções a estrangeiros acusados de corrupção ou abusos de direitos humanos. A declaração tem sido usada como munição política, mas exige análise cautelosa sobre seu impacto institucional.
A reação dos ministros é descrita como compreensível — ninguém quer ver vidas e reputações afetadas por medidas estrangeiras —, mas o uso midiático dessa palavra forte (“apavorados”) serve mais à construção de uma narrativa de fragilidade institucional do que à discussão pública sobre soberania e cooperação internacional.
Essa interpretação dramática se soma à situação de Alexandre de Moraes, que foi incluído na lista da Magnitsky em julho. A ameaça de sanções, como bloqueio de bens ou proibição de entrada nos EUA, pode gerar desafios práticos, ainda que não seja incomum entre autoridades envolvidas em julgamentos sensíveis — e, nesse contexto, a reação não necessariamente representa pânico generalizado ou ruptura institucional.
Além disso, a pressão sobre o STF pode, de fato, trazer riscos à autonomia do Judiciário. Mas trata-se de um momento que exige firmeza, não alarmismo — mecanismos institucionais podem responder, e o toque de alerta deve se restringir a proteção da integridade da Corte, e não ao retrato de ministros acuados.
Em suma, a narrativa de “ministros apavorados” pode servir ao clamor populista e às críticas ao Judiciário, mas também pode enfraquecer a percepção pública da resiliência institucional. É essencial distinguir entre cautela legítima e dramatização venenosa — para não entregar terreno à retórica do medo.