
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, reconheceu que algumas decisões tomadas pelo colega Alexandre de Moraes podem ter ultrapassado o ponto. A declaração foi revelada pelo colunista Lauro Jardim, do O Globo, e mostra que, mesmo com essa avaliação, Gilmar não pretende retirar seu apoio ao ministro.
Segundo o relato, Mendes admite que houve “excessos pontuais”, mas reforça que isso não é motivo para se afastar de Moraes, principalmente em meio a pressões políticas e externas. A mensagem passada nos bastidores é clara: apesar das críticas, a prioridade é manter a coesão interna do STF.
Essa postura, no entanto, levanta questionamentos. Para alguns analistas, trata-se de uma blindagem mútua entre ministros, algo que pode ser visto como proteção corporativa. Para outros, é uma forma de evitar fissuras no tribunal em um momento delicado, especialmente após a reação do governo americano com a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes.
Gilmar, que é conhecido por seu discurso direto, tenta equilibrar a imagem de magistrado que reconhece falhas com a de defensor da instituição. Ao admitir erros, mas sustentar o apoio, ele envia um recado de união interna em meio a um cenário de forte polarização política.
O fato é que a relação entre membros do Supremo segue sendo um tema sensível. A forma como essas divergências são tratadas — quase sempre a portas fechadas — influencia diretamente a percepção que a sociedade tem sobre a independência e a transparência da Corte.