
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou neste domingo (31) um posicionamento firme contra a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de acionar a chamada Lei de Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, em resposta à tarifa de 50% aplicada por Washington a produtos brasileiros.
Segundo a entidade, a medida é prematura e pode trazer consequências desastrosas para o setor, já que compromete as negociações com os parceiros americanos e cria um ambiente de confronto em vez de diálogo. “O cenário necessário e mais coerente, nesse momento, é a manutenção do diálogo com o segmento privado e as autoridades dos EUA”, afirma o texto.
O Cecafé lembra que sequer houve uma reunião formal entre os governos do Brasil e dos EUA antes da iniciativa de Lula, e alerta que a aplicação da Lei de Reciprocidade geraria dificuldades adicionais tanto para o setor privado quanto para as tratativas bilaterais. O conselho reforça que os importadores americanos compram 16% de todo o café brasileiro exportado e que qualquer medida precipitada pode afetar até 30% do mercado internacional abastecido pelo Brasil.
Na próxima semana, o Cecafé integrará uma comitiva coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em agenda nos EUA. Estão previstos encontros com a National Coffee Association (NCA), representantes da indústria cafeeira, o Departamento de Estado americano e um evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA, além de audiência pública sobre a tarifação de 50% prevista na Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.
O conselho destaca ainda que o segmento dos cafés verdes (in natura) não foi contemplado nos programas de apoio anunciados pelo governo federal. Para o setor, a decisão de Lula pode ter efeito contrário ao esperado, colocando a comitiva brasileira em um ambiente turbulento e de ânimos exaltados, além de abrir espaço para uma possível nova retaliação do governo Donald Trump.