
Durante a abertura da sessão plenária desta quarta-feira (17), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rompeu o silêncio e se pronunciou sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos a autoridades brasileiras. O ministro, visivelmente abalado, reconheceu o impacto da medida e buscou minimizar os efeitos políticos do episódio.
Barroso afirmou nunca ter visto a Corte enfrentar situação semelhante e admitiu que o tribunal evitou se manifestar publicamente diante das circunstâncias. Segundo ele, essa postura de “recato judicial” teria contribuído para uma “imensa incompreensão” em relação às ações do STF, mas decidiu se posicionar para registrar sua visão pessoal.
“Eu refleti muito, porque acho que há uma imensa incompreensão, talvez direcionada. (…) Eu me senti motivado a fazer isso, até porque, como é público e notório, eu tenho muitas ligações com os Estados Unidos onde estudei, vivi e trabalhei em diferentes épocas da minha vida”, declarou.
O presidente do STF ainda tentou reforçar seus vínculos históricos com Washington, afirmando manter “relações acadêmicas, amigos queridos” e que nutre “admiração por pessoas e instituições” norte-americanas. O discurso foi interpretado como uma tentativa de amenizar o desgaste da Suprema Corte em meio às críticas crescentes de autoridades estrangeiras contra decisões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A fala de Barroso ocorre em um momento de forte tensão diplomática. Parlamentares republicanos nos EUA já acusaram o STF de promover uma perseguição política e classificaram a condenação de Bolsonaro como parte de uma “farsa judicial”. As sanções impostas por Washington aumentaram a pressão sobre a Corte, que agora enfrenta não apenas contestação interna, mas também isolamento internacional sem precedentes.
Resumo: Luís Roberto Barroso quebrou o silêncio sobre as sanções dos EUA, disse ter “boas relações” com o país e tentou afastar críticas à Corte. A declaração, no entanto, expõe a fragilidade da Suprema Corte diante da pressão internacional por conta da condenação de Bolsonaro.