
Mesmo diante da possibilidade de ser alvo de sanções diplomáticas impostas pelo presidente Donald Trump, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara, sinalizou que não pretende alterar sua postura. Em conversa com aliados, o parlamentar disse que eventuais punições, como a cassação de visto americano, devem ser tratadas como tema comercial e diplomático, não político ou ideológico.
A avaliação de Motta ocorre num momento em que a Casa Branca discute medidas duras contra membros do alto escalão do Congresso brasileiro. O motivo seria o bloqueio na tramitação do projeto de anistia, que pode beneficiar Jair Bolsonaro e milhares de brasileiros perseguidos. Para os EUA, o atraso na votação revela cumplicidade com a agenda do STF, que segue reprimindo opositores do governo Lula.
Fontes próximas ao deputado afirmam que Motta não deseja transformar o caso em um embate pessoal com Trump. Ele teria dito que a perda do visto seria uma “decisão soberana” dos EUA e que não cabe reação direta. A fala, no entanto, revela conformismo e uma certa submissão institucional, justamente no momento em que a soberania nacional está em jogo, com brasileiros sendo julgados politicamente pelo STF.
Entre as medidas em análise está a aplicação da Lei Magnitsky, que permite o bloqueio de ativos em dólar e impede qualquer transação internacional pelo sistema financeiro americano. Motta e Davi Alcolumbre (União-AP) estão na mira da diplomacia americana. Ambos têm sido acusados de obstruir pautas fundamentais para a restauração da liberdade no Brasil, como a anistia e o impeachment de ministros do Supremo.
Nesta quinta-feira (24), o senador Flávio Bolsonaro reforçou a pressão. Para ele, a possibilidade de sanções poderá forçar uma mudança de postura de Motta e Alcolumbre, ainda que seja pelo medo. A oposição cobra o avanço imediato da anistia, e exige que o impeachment de ministros do STF seja pautado no Senado. Até agora, ambos os presidentes das Casas Legislativas seguem agindo para proteger o Judiciário, mesmo com o risco de serem alvos da justiça internacional.