O depoimento do advogado Nelson Wilians na CPMI do INSS, nesta quinta-feira (18), terminou em forte desgaste e pode abrir caminho para que ele deixe de ser testemunha e passe à condição de investigado pela comissão. Munido de habeas corpus concedido pelo STF, que lhe garantiu o direito ao silêncio, Wilians preferiu não responder a diversas perguntas sobre movimentações financeiras bilionárias ligadas ao seu nome e às suas empresas.
Os parlamentares o questionaram sobre relações pessoais e profissionais, além de transações suspeitas de aproximadamente R$ 4,3 bilhões, identificadas pelo Coaf. O advogado, entretanto, limitou-se a negar envolvimento com as fraudes, mas sem oferecer explicações detalhadas. Após mais de seis horas de sessão, deixou claro que não abriria mão do direito ao silêncio, mesmo depois de inicialmente “aquiescer” com o compromisso de dizer a verdade.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), não poupou críticas à postura de Wilians. Em entrevista, afirmou que o advogado sai do depoimento na condição de “provável investigado”. Segundo ele, o silêncio em pontos cruciais levantou ainda mais suspeitas: “Chega aqui como testemunha e sai daqui como provável investigado. O silêncio dele falou muito alto”, disse.
Um momento marcante ocorreu quando o senador Styvenson Valentin (PSDB-RN) trouxe à tona uma frase atribuída ao pai de Nelson Wilians: “Você nunca vai me decepcionar, de você só espero o pior”. Confrontado, o advogado limitou-se a dizer que a frase estava no contexto de um livro, evitando maiores explicações. A cena gerou repercussão imediata entre os presentes e expôs ainda mais a fragilidade de sua defesa política.
A CPMI, presidida pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), deve aprofundar as investigações. Wilians é apontado como ligado a Maurício Camisotti, suspeito de ser beneficiário direto das fraudes contra aposentados e pensionistas. O silêncio estratégico, ao invés de blindá-lo, acabou servindo como combustível para a narrativa de que há algo a esconder.