
O Centrão estaria costurando nos bastidores um acordo com o Supremo Tribunal Federal para alterar o rumo das negociações em torno da anistia dos presos do 8 de Janeiro. A ideia seria travar qualquer possibilidade de anistia ampla, geral e irrestrita, mas, em contrapartida, abrir caminho para uma versão mais moderada da chamada PEC da Blindagem. O movimento também incluiria a flexibilização de penas para réus considerados de menor participação nos atos.
A proposta de blindagem vinha sendo criticada por ampliar excessivamente os poderes do Congresso diante do Judiciário, suspendendo processos até autorização parlamentar. A versão mais enxuta discutida agora teria ajustes para manter algum controle político, mas sem confrontar diretamente o STF. Essa adaptação seria o preço a pagar para manter o diálogo aberto entre os dois poderes e evitar desgastes ainda maiores.
Entre os senadores, cresce a resistência contra qualquer iniciativa que beneficie financiadores, organizadores e líderes políticos ligados aos atos. O discurso é de que apenas os chamados “peixes pequenos” poderiam ser contemplados com a redução das penas, preservando assim o rigor judicial contra os principais responsáveis. A medida tenta equilibrar pressão popular com conveniências institucionais.
No entanto, há o temor de que essa articulação seja vista como um “perdão velado”, enfraquecendo a imagem de punição severa que o STF buscou construir desde o início dos julgamentos. A diminuição das penas seria apresentada como correção de excessos, mas na prática serviria como uma forma indireta de anistia parcial. Esse discurso, segundo aliados, seria usado para conter reações mais duras dentro da própria Corte.
Juristas apontam que uma anistia ampla dificilmente seria aceita, por ferir cláusulas constitucionais e colocar em risco a credibilidade das instituições. Já a flexibilização de penas para figuras secundárias poderia ser uma saída negociada, permitindo ao Congresso dizer que atendeu parte da sociedade, enquanto o STF preservaria sua autoridade. O impasse segue aberto, mas os bastidores mostram que a blindagem política ainda é prioridade.