
Os Correios anunciaram um rombo de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025, valor que já supera todo o déficit acumulado em 2024, de R$ 2,6 bilhões. O resultado marca um salto negativo em relação a 2023, quando a estatal fechou com perdas de R$ 633 milhões. Só entre abril e junho deste ano, as perdas chegaram a R$ 2,6 bilhões, quase cinco vezes maiores que no mesmo período de 2024.
Segundo a empresa, o desempenho desastroso é reflexo do reajuste salarial de 55 mil funcionários, do aumento de despesas com precatórios e, principalmente, da queda nas encomendas internacionais após a implementação da polêmica “taxa das blusinhas”, que desestimulou as compras em sites estrangeiros. O segmento internacional, que havia gerado R$ 2,1 bilhões em 2024, despencou para apenas R$ 815 milhões em 2025, uma redução de quase 62%.
Ao mesmo tempo, os custos administrativos dispararam 74%, chegando a R$ 3,4 bilhões no semestre. Pressionada pela explosão de despesas e pela queda drástica na arrecadação, a estatal lançou em maio um plano de recuperação, que prevê corte de gastos, diversificação de serviços e parcerias comerciais. Uma das principais medidas é o Programa de Desligamento Voluntário (PDV), com expectativa de gerar até R$ 1,5 bilhão em economia.
A crise, no entanto, já mobilizou o Senado Federal. A Comissão de Fiscalização aprovou investigação sobre possíveis irregularidades contábeis, gestão temerária e fraudes nos Correios. O pedido foi feito pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e terá como relator o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU). A iniciativa amplia a pressão sobre a gestão da estatal, que tenta reverter o quadro de déficits bilionários em meio ao descrédito público.
Enquanto o governo insiste em justificar o caos nos Correios como efeito de “fatores externos”, a realidade mostra uma estatal inchada, cara e cada vez mais incapaz de se manter competitiva. O resultado é mais um retrato do fracasso administrativo que marca a gestão federal atual, com prejuízos bilionários sendo bancados, mais uma vez, pelo bolso do contribuinte.