
No terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil assiste a um verdadeiro déjà-vu de escândalos, crises de integridade e denúncias que abalam qualquer promessa de transparência. A imagem vendida durante a campanha como um governo ético e comprometido com os mais pobres vem desmoronando diante de uma sucessão de episódios que envolvem corrupção bilionária, manobras fiscais suspeitas e desgoverno administrativo.
O caso mais emblemático foi o indiciamento do ministro Juscelino Filho, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e envolvimento com organização criminosa. O mais grave, porém, não foi a denúncia em si, mas a reação de Lula, que optou por mantê-lo no cargo mesmo diante de provas e indícios escancarados. Uma escolha que deixou claro que o jogo político continua a falar mais alto que a ética — e que as velhas práticas não foram abandonadas, apenas remodeladas.
A crise se agravou quando Pedro Lucas, do União Brasil, recusou publicamente o convite para assumir o Ministério das Comunicações. A recusa, incomum na política de bastidores, foi vista como um sinal claro de que há setores da base desconfortáveis com o desgaste crescente. Ninguém quer associar seu nome a uma gestão marcada por investigações e denúncias, e isso revela o tamanho do abismo ético que se abriu sob Lula.
Como se não bastasse, o bloqueio de R$ 6 bilhões do programa Pé de Meia, apontado pelo TCU por falta de previsão orçamentária, reacendeu o temor das pedaladas fiscais. A lembrança do impeachment de Dilma Rousseff ressurge com força, evidenciando que o governo atual parece disposto a repetir práticas já condenadas, colocando em xeque a responsabilidade fiscal e a credibilidade do país.
O caso do INSS, com a fraude de R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos a aposentados, é o mais revoltante. Atingiu os mais vulneráveis e escancarou a falência dos mecanismos de controle. A dimensão do escândalo é comparável ao petrolão, com a diferença de que agora o golpe atinge diretamente aposentados e pensionistas. A indignação é generalizada, e a instalação de uma CPI já está sendo discutida no Congresso.
Além disso, há investigações em curso sobre novas pedaladas contábeis e execução de orçamento sem autorização formal. A gestão de estatais também virou foco: os Correios, por exemplo, enfrentam um rombo de R$ 400 milhões em seu plano de saúde. Soma-se a isso o caso do “arroz gate”, com suspeitas em contratos de importação pela Conab, que aumentam ainda mais o desgaste da administração federal.
No cenário internacional, a concessão de asilo à ex-primeira-dama do Peru, condenada por corrupção, foi vista como um recuo grave do Brasil no combate à impunidade. Hoje, a imagem de Lula perante o mundo não é de líder progressista, mas de um presidente que relativiza a ética em nome de alianças. A corrupção, infelizmente, voltou a ser a marca registrada de um governo que prometeu o contrário.