EUA apertam o cerco contra Ortega

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta sexta-feira (18), novas restrições de visto contra 250 integrantes ligados ao regime de Daniel Ortega, ditador da Nicarágua. A decisão foi confirmada pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que não poupou críticas à tirania imposta pelo casal Ortega-Murillo. Ele classificou o regime como “inimigo da humanidade”.

Rubio afirmou que a ditadura da Nicarágua, além de oprimir seu próprio povo, representa uma ameaça direta à segurança dos EUA.

Segundo ele, o país tem sido usado como rota estratégica para a imigração ilegal, facilitando o fluxo de migrantes rumo à fronteira americana. A fala veio acompanhada de uma dura crítica à atuação do regime no cenário internacional.

“Não vamos tolerar ameaças de regimes que usam o desespero do povo como arma política”, disse o secretário. Desde 2018, quando começaram os protestos massivos contra Ortega, mais de 350 pessoas morreram em repressões violentas, e dezenas de milhares fugiram do país. A ONU já classificou o sistema de governo nicaraguense como uma ditadura familiar consolidada.

A primeira-dama Rosario Murillo exerce o papel de copresidente, graças a reformas constitucionais feitas por Ortega para manter o poder concentrado. O modelo, considerado autoritário e fora dos padrões democráticos, transformou a Nicarágua em um símbolo de retrocesso político na América Latina. Mesmo assim, o governo Lula evita condenações diretas ao regime.

O silêncio de Lula e sua proximidade histórica com Ortega têm chamado atenção da comunidade internacional. Enquanto países democráticos endurecem o tom contra a ditadura centro-americana, o Brasil segue sem posicionamento firme. O constrangimento diplomático cresce à medida que sanções se acumulam e vozes exigem resposta mais clara de Brasília.

Com o novo pacote, os EUA já aplicaram restrições a mais de 2 mil pessoas ligadas ao regime nicaraguense. A estratégia é pressionar economicamente e isolar diplomaticamente os responsáveis pelas violações de direitos humanos. Em meio ao cenário, Lula segue calado — e o Brasil mais uma vez se vê do lado errado da história.