
A mídia tradicional mente tanto que parece ter passado a acreditar nas próprias versões. As análises do mainstream estão cada vez mais distantes dos fatos verificados, enquanto colunistas repetem mantras prontos. Propaganda estatal, verbas públicas e bajulação mútua alimentam um ciclo perverso: os poderosos elogiam a imprensa que os protege, e a imprensa protege quem a sustenta.
Para quem observa com atenção, os furos e incoerências saltam aos olhos. Há uma determinação em fingir que tudo vai bem nos três Poderes, quando a realidade aponta o contrário. O discurso oficial sobre as relações Brasil–EUA tenta reduzir tudo a “acordos econômicos”, como se não houvesse mais nada por trás. A narrativa é repetida sem escrutínio, apagando contradições e silenciando dúvidas legítimas.
A cada espirro vindo de Washington, o governo celebra como se fosse grande vitória diplomática. Mas o comportamento não bate: medo de encontros pessoais, telefonemas sob sigilo absoluto, versões divulgadas só depois e sempre pelo marqueteiro oficial. Se é tudo tão normal, por que tanta cautela, controle e edição do que foi conversado?
Comparações incomodam. Nos primeiros meses, Bolsonaro foi recebido pessoalmente por Trump, e os temas eram divulgados de imediato. Agora, tudo “precisa ser estudado” e “alinhado” antes de vir a público. Sinistro. Talvez não sejam apenas negociações comerciais; talvez haja outra natureza de pauta rondando os bastidores.
O contexto internacional é explosivo. Maduro já não é tratado como chefe de Estado pelos EUA, e sim como chefe do narcotráfico, sob risco de prisão. O delator “El Pollo”, preso nos EUA, teria detalhado relações espúrias entre narcotráfico e política na região. Odebrecht voltou ao radar com peças sombrias: conluios, fraudes processuais, assassinatos e prejuízos à economia americana.
Há mais “cositas” na fila de prioridades norte-americanas: fraudes na pandemia, financiamento de ONGs globalistas para desestabilizar governos, ligações entre crime organizado e terrorismo, censura, perseguição política e irregularidades eleitorais. Diante desse quadro, a “cautela” do Planalto pode ter outro nome: pavor do que venha à tona.
Não se está acusando ninguém; trata-se de constatação do clima. O “medão” é evidente, e a imprensa prefere maquiar a tempestade. Quando o roteiro oficial precisa de tanto sigilo, a realidade está pedindo passagem. E, como sempre, a verdade se impõe — apesar da mídia, não por causa dela.