Morre o sétimo “preso politico” do 8 de janeiro

Faleceu em Cuiabá, aos 60 anos, o patriota Marco Aurélio Gonçalves Pedroso, mais uma vítima do descaso e da omissão do Estado brasileiro com aqueles que ousaram protestar no fatídico 8 de janeiro. Lutando contra a leucemia, Marco não resistiu. Mas sua história não é apenas de luta pela vida, é também o retrato de um Brasil que virou as costas para seus próprios filhos em nome de uma perseguição política travestida de justiça.

Marco Aurélio respondia pela Ação Penal 1538, instaurada após os eventos de janeiro, e havia firmado o chamado Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), ainda em agosto do ano passado. Mesmo sem condenação definitiva, já enfrentava o peso de ser tratado como criminoso apenas por estar em Brasília manifestando-se por um país mais justo e contra os abusos de poder que vinham se acumulando nas instituições.

Ele se junta agora a outros seis brasileiros que perderam a vida sem que o devido processo legal fosse respeitado, e sem que qualquer reparação lhes fosse feita. Antônio Marques da Silva, Clériston Pereira da Cunha, Giovanni Carlos dos Santos, Eder Aparecido Jacinto, Kleber Freitas e Jony Figueiredo da Silva completam essa lista dolorosa, marcada por silêncio, omissão e sofrimento. Todos eles estiveram em Brasília naquele dia, mas nunca tiveram a chance de se defender plenamente.

Desde janeiro de 2023, mais de duas mil pessoas foram enquadradas em ações judiciais que muitos juristas independentes já classificam como abusivas, baseadas em presunções generalizadas e relatórios frágeis. O que começou como uma investigação sobre depredações virou uma verdadeira caçada política. E até hoje, pouco ou nada foi esclarecido sobre quem realmente coordenou os atos de vandalismo — algo que deveria ser prioritário, mas nunca foi revelado.

Enquanto isso, o peso das decisões judiciais recaiu sobre cidadãos comuns, pais e mães de família, idosos e até pessoas doentes. Muitos foram mantidos presos por meses em condições precárias, sem julgamento, apenas para atender a uma narrativa conveniente para o governo e para os setores do judiciário que se beneficiam de um clima de intimidação. Marco Aurélio foi mais um que sucumbiu antes de ver o próprio nome limpo.

A história de Marco não pode ser apagada ou ignorada. Ele não foi um criminoso. Foi um cidadão brasileiro que acreditava em seu país e na liberdade. Morreu esperando por justiça. Sua memória agora vive como símbolo da resistência, do sofrimento e do abandono. E sua morte precisa servir de alerta para um Brasil que não pode mais aceitar tamanha injustiça.