
A nota pública do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, gerou uma verdadeira onda de irritação nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF). O apoio firme ao ex-presidente Jair Bolsonaro foi visto por alguns ministros como uma traição inesperada, já que muitos da Corte ainda mantinham esperanças de usar Tarcísio como uma ponte de diálogo com a direita.
O trecho mais incômodo para os togados foi a defesa por “eleições livres, justas e competitivas”. Para ministros do STF, essa frase ecoa diretamente os discursos de Bolsonaro, que há anos denuncia falhas no sistema eleitoral e alerta sobre perseguição política orquestrada por dentro das instituições que deveriam garantir imparcialidade e respeito à Constituição.
A decepção foi tão intensa que relatos internos falam em “perplexidade” e sensação de que Tarcísio cruzou uma linha ao assumir uma posição pública contra os desmandos cometidos por setores do Judiciário. Até então, o governador paulista vinha sendo tratado como um “moderado” que poderia atuar para conter os danos institucionais. Agora, essa narrativa parece ter ruído de vez.
Em sua publicação, Tarcísio não poupou palavras: “Não conheço ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa, quanto Jair Bolsonaro. Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas.” A frase final, sobre a “sucessão de erros” que afasta o Brasil de seu caminho, foi vista como uma clara crítica ao STF e ao atual governo.
A Suprema Corte, que tem adotado medidas cada vez mais autoritárias contra Bolsonaro e seus aliados, parece não saber como reagir ao avanço de figuras políticas com respaldo popular. A nota de Tarcísio mostra que o silêncio acabou – e que muitos já não estão dispostos a assistir calados à tentativa de silenciar opositores políticos no Brasil.