
A audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o impasse em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) terminou, como era esperado por muitos, sem qualquer acordo entre as partes. Agora, a decisão final ficará nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso e já sinalizou sua disposição em manter o protagonismo absoluto na questão.
Durante a reunião, os representantes do governo Lula – liderados pelo advogado-geral da União Jorge Messias – e o PSOL, autor de uma das ações, afirmaram preferir uma decisão judicial em vez de um acordo político, segundo consta na ata do encontro. Na prática, ambos jogaram a responsabilidade total no colo do Supremo, ignorando os impactos que o aumento do IOF pode causar diretamente no bolso da população e nas empresas.
O documento da audiência mostra que Moraes chegou a sugerir “concessões recíprocas” para tentar uma solução de consenso, mas nenhuma parte demonstrou interesse real em ceder. Com isso, o caso agora segue para julgamento definitivo, e o país inteiro ficará refém de uma única canetada do STF, em mais um exemplo do desequilíbrio entre os Poderes.
Segundo os registros, tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados apenas reiteraram as manifestações que já haviam protocolado, sem apresentar propostas efetivas. A advogada-geral do Senado ainda tentou pedir mais tempo, solicitando a manutenção da decisão provisória de Moraes, que suspendeu os decretos do Executivo e do Legislativo, mas o processo já foi encaminhado para que o ministro bata o martelo.
Mais uma vez, temas sensíveis à economia nacional são deixados nas mãos de um único magistrado, sem participação popular, sem debate no Congresso e sem qualquer alternativa prática para quem será diretamente atingido. No Brasil de hoje, decisões tributárias deixam de ser técnicas e viram disputas de poder nos bastidores do STF — sempre com impactos reais sobre o contribuinte.