
A semana começou com um cenário alarmante para a democracia: uma série de vídeos produzidos com inteligência artificial surgiram nas redes sociais, todos mirando num só alvo — o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O parlamentar foi acusado de romper acordos políticos ao pautar e conduzir a votação que derrubou o aumento do IOF, o que desagradou profundamente o Palácio do Planalto. A resposta do governo, segundo aliados, veio em forma de ataques digitais orquestrados.
O estopim da ofensiva, afirmam fontes próximas a Motta, foi um vídeo publicado pelo próprio Partido dos Trabalhadores (PT), recheado de retórica classista e produzido com tecnologia de IA, que tenta empurrar a falsa narrativa de que os ricos não pagam impostos enquanto os pobres sustentam o país. A publicação teria servido como combustível para uma série de vídeos subsequentes, espalhados nas redes, com ataques à honra e à família de Hugo Motta, numa tentativa clara de desestabilizá-lo politicamente.
Mesmo com discursos de apoio público por parte da ministra Gleisi Hoffmann e do líder do governo na Câmara, José Guimarães, o clima de bastidores é de desconfiança. Pessoas próximas ao presidente da Câmara afirmam que o Planalto está por trás da operação digital, comparando a ação a um “gabinete do ódio reverso”, agora sob o comando da esquerda. Para esses aliados, é evidente que o governo alimentou a campanha contra Motta, usando a tecnologia como arma política.
A entrevista de Lula na Bahia, feita dias após a derrota no Congresso, é vista como um estímulo direto à escalada dos ataques. Mesmo tentando aparentar tranquilidade, Lula reafirmou o tom de acusação ao citar um suposto acordo “descumprido” por Motta. A declaração do petista foi interpretada como um recado cifrado a seus militantes e apoiadores digitais, autorizando — nas entrelinhas — a guerra virtual contra o deputado.
Apesar dos gestos públicos de reconciliação do Planalto e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a relação entre o governo e Hugo Motta segue estremecida. O entorno do parlamentar avalia que o ataque digital pode ter sido previamente calculado, com a finalidade de desgastar sua imagem diante do eleitorado e das lideranças políticas. A reaproximação com o Planalto está congelada, enquanto a equipe do deputado mantém monitoramento constante das redes em busca de novos ataques.