Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontou Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como incentivadores de um suposto golpe de Estado. Em sua delação premiada à Polícia Federal (PF), Cid afirmou que ambos faziam parte de um grupo de conselheiros que instigavam Bolsonaro a não aceitar o resultado das eleições de 2022.
Segundo Cid, este grupo defendia a ideia de que Bolsonaro teria o apoio da população e de pessoas armadas, especificamente os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), para dar um golpe.
Cid detalhou que Michelle e Eduardo Bolsonaro estavam entre os que constantemente conversavam com o ex-presidente, incentivando ações que poderiam levar a um suposto golpe. No entanto, apesar dessas acusações, Michelle e Eduardo Bolsonaro não foram formalmente indiciados pela PF, o que foi confirmado no relatório final da investigação concluído em 2024. A decisão de não indiciá-los baseou-se na falta de indícios suficientes para prosseguir com acusações formais.
A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro classificou as acusações de Cid como "absurdas" e sem fundamento, enquanto Eduardo Bolsonaro referiu-se à narrativa como "fantasia" e "devaneio". Michelle Bolsonaro, ao ser mencionada, recorreu à religião, compartilhando versículos bíblicos nas redes sociais e, em um evento do PL Mulher, ironizou as acusações ao dizer que "sabe dar golpe" referindo-se a práticas de luta, mas não no sentido político.
No depoimento, Cid afirmou que o entorno de Bolsonaro era dividido em três grupos: os que defendiam que ele reconhecesse a derrota e liderasse a oposição, os que desaprovavam os rumos do país, mas rejeitavam medidas de ruptura, e os que defendiam um golpe de Estado.
Este último, segundo Cid, se dividia entre uma ala que buscava provas de fraudes nas urnas e outra mais radical, que pressionava pela assinatura de decretos de exceção.
Entre os citados como parte do grupo radical estavam, além de Michelle e Eduardo, figuras como Onyx Lorenzoni, Filipe Martins, Gilson Machado e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES). Apenas dois nomes desse núcleo foram indiciados: Filipe Martins e o general Mario Fernandes.
O relatório final da PF está agora sob análise da Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta denúncia contra os indiciados ao Supremo Tribunal Federal ou arquiva o caso.
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...