O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou suas críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exigindo ações concretas na reforma agrária e prometendo uma série de invasões de terras em 2025. Durante o balanço anual da direção nacional, líderes do movimento expressaram descontentamento com a ausência de políticas efetivas e cobraram maior comprometimento do governo federal.
João Paulo Rodrigues, dirigente do MST, destacou a necessidade de Lula se aproximar das bases do movimento, criticando a falta de visitas a assentamentos e áreas de agricultura familiar. Ele afirmou que "não é razoável que em dois anos o presidente Lula não tenha feito nenhuma agenda em um assentamento ou em uma área de agricultura familiar". Rodrigues sugeriu que atividades com o presidente fora do Palácio, em contato direto com o povo, seriam mais eficazes para comunicar a agenda de reforma agrária.
O movimento também criticou a lentidão na implementação de políticas públicas para a reforma agrária, cobrando resultados concretos.
Ceres Hadich, outra dirigente do MST, alertou que, desde o ano passado, nenhuma família foi assentada, e que há uma perspectiva de assentamento de apenas 9 a 10 mil famílias até o início do próximo ano, número considerado insuficiente pelo movimento.
Em resposta à falta de avanços, o MST planeja intensificar suas mobilizações em 2025. Estão previstas ações de mulheres a partir de 8 de março e uma série de invasões em abril, com o objetivo de pressionar o governo a assentar 60 mil famílias. João Paulo Rodrigues afirmou que o movimento não aceitará "nada menor do que isso no ano que vem".
A relação entre o MST e o governo Lula tem se tornado cada vez mais tensa. O movimento, historicamente aliado do Partido dos Trabalhadores (PT), agora expressa frustração com a falta de comprometimento do governo com a reforma agrária. Em novembro, o MST chegou a cobrar a demissão do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, devido à ausência de resultados na área.
Em resposta às críticas, o ministro Paulo Teixeira está planejando um evento com a presença do presidente Lula em um assentamento no sul da Bahia, previsto para janeiro de 2025.
A cerimônia tem como objetivo apresentar um balanço das ações realizadas e anunciar novas medidas para a reforma agrária, na tentativa de apaziguar as tensões com o MST.
