Flávio Dino interfere no Congresso, Lira se levanta e prepara reação

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), marcou uma reunião com líderes para esta quinta-feira (26), motivada pela controvérsia em torno da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que bloqueou R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares. Anunciada na última segunda-feira (23), a medida afeta fundos vinculados a 17 líderes de partidos e intensificou as tensões entre o Legislativo e o Judiciário. A agenda do encontro inclui a eleição da Mesa Diretora da Câmara, agendada para fevereiro, com a retomada das atividades legislativas de 2025, mas o bloqueio das emendas também deverá ser um ponto central das discussões. Desde a divulgação da decisão, líderes parlamentares têm manifestado descontentamento, e já havia rumores de uma reunião de emergência na própria segunda-feira. Entre as vozes críticas, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator do Orçamento de 2025, declarou que só levará o assunto ao plenário quando as regras para as emendas estiverem claras, visando evitar um cenário de "conflito aberto" entre os poderes. Dino justificou sua decisão citando um esquema de "apadrinhamento" nas emendas, que dificultaria a atribuição de responsabilidade sobre os pedidos de recursos. Além do bloqueio, ele ordenou que a Polícia Federal (PF) inicie uma investigação sobre possíveis irregularidades nas emendas de comissão. A decisão está ligada à Operação Overclean, que investiga desvios de verbas em vários estados. Em um caso notório, a PF detectou transporte de dinheiro em espécie num jato particular de Salvador para Brasília. Na última segunda-feira, uma nova fase da operação resultou na prisão de políticos do interior da Bahia e de um agente da PF. As ações de Dino e a investigação em andamento aumentam a desconfiança entre os poderes e colocam pressão adicional sobre o Legislativo, que agora busca maneiras de proteger sua autonomia e encontrar uma solução para o impasse sobre o controle das emendas.