Estranhamente, Toffoli que anulou condenações de Dirceu, finalmente diz "não" para outro "alvo" da Lava Jato
A decisão de Dias Toffoli de manter o processo contra Eduardo Cunha na Lava Jato e negar a aplicação dos mesmos critérios de anulação usados para outros casos revela, no mínimo, uma evidente disparidade de tratamento. José Dirceu, um ex-ministro petista, teve suas condenações anuladas com base na alegação de parcialidade de Sergio Moro, enquanto Cunha, figura emblemática na oposição ao PT e responsável pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, não recebeu a mesma consideração.
Esse desfecho reforça a percepção de que o Supremo, em alguns casos, age com um duplo padrão. A justificativa de Toffoli, de que a situação de Cunha “não é a mesma dos demais acusados”, soa vaga e pouco convincente, considerando que o argumento central para a anulação de outros processos foi justamente a parcialidade do juiz, um fator que teoricamente impactaria qualquer julgamento conduzido por Moro na Lava Jato.
A decisão chama atenção para um aparente viés: figuras da Lava Jato que se opuseram diretamente ao PT, como Cunha, enfrentam maiores dificuldades em obter os mesmos benefícios processuais que políticos aliados ou próximos do partido. E isso suscita questões sobre a verdadeira isenção e imparcialidade de algumas decisões, uma vez que o histórico de Cunha como crítico do PT parece pesar contra ele.
Este caso é mais um ponto que contribui para o crescente ceticismo em relação ao funcionamento da Justiça no país, especialmente quando figuras ligadas ao PT parecem ser beneficiadas por decisões enquanto opositores sofrem consequências mais severas.