Bolsonaro solta o verbo e desafia Mauro Cid

Na entrevista ao *O Globo*, Bolsonaro reiterou sua posição de que o Congresso Nacional é o principal caminho para uma eventual reversão de sua inelegibilidade, demonstrando confiança em um projeto de anistia que, se aprovado, abriria caminho para sua candidatura em 2026. Bolsonaro afirmou que o Legislativo, mais do que qualquer outro poder, tem essa prerrogativa, reforçando que “O Congresso pode. O Congresso é o caminho para quase tudo”. Quanto à alegação de Mauro Cid sobre uma suposta "minuta golpista", Bolsonaro foi incisivo, desafiando Cid a provar quem teria sido o responsável pela elaboração do documento. Ele aproveitou a ocasião para expor a complexidade dos mecanismos institucionais que, segundo ele, tornariam inviável qualquer ação golpista. Bolsonaro argumentou que, para decretar um estado de sítio, seria necessário passar por várias instâncias, como o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, além da aprovação do Congresso Nacional. Segundo ele, nenhum desses passos foi dado, e, portanto, as acusações de tentativa de ruptura institucional não têm fundamento prático.

O ex-presidente ainda criticou a ideia de que qualquer discussão sobre a Constituição e seus mecanismos seja vista como um crime. Ele destacou que sua postura sempre foi contrária a qualquer ruptura, sugerindo que o rascunho, apontado como uma minuta, não representa uma ação concreta. “O que se fala é que tem um rascunho de um documento. Cadê esse documento?” – questionou, ressaltando que é impossível criminalizar uma discussão constitucional sem evidências de um ato específico. Bolsonaro também usou a entrevista para reforçar seu compromisso com a Constituição e a legalidade, tentando desviar a narrativa que o acusa de ter cogitado medidas autoritárias. Ele ressaltou que “discutir a Constituição passou a ser crime?”, insinuando que os questionamentos levantados pela investigação visam incriminar seus aliados sem provas sólidas. Essa declaração reflete uma estratégia de Bolsonaro em se distanciar de acusações que, segundo ele, carecem de evidências, ao mesmo tempo em que se mantém focado em um caminho institucional por meio do Congresso.