A explosão de filiados do PT em cargos de confiança

Desde que o PT voltou ao poder com a eleição de Lula, a ocupação de cargos comissionados por filiados ao partido aumentou de forma expressiva, atingindo 9% do total. Esse número representa uma expansão significativa em comparação com governos anteriores, como o de Jair Bolsonaro, que registrava apenas 1% de comissionados filiados ao PL. Esse movimento mostra uma tendência de aparelhamento político da máquina pública, o que levanta preocupações sobre o uso de cargos para fortalecer a base partidária em detrimento da eficiência técnica. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, liderado pelo petista Paulo Teixeira, se destaca como o maior reduto do PT entre os ministérios. Nele, e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), subordinado à pasta, nada menos que 34% dos cargos comissionados são ocupados por petistas. Essa proporção reflete uma concentração de poder e influência do partido na política de desenvolvimento agrário e reforma fundiária, áreas nas quais o PT historicamente procura expandir seu controle.

Outro caso emblemático é o do Ministério do Trabalho, sob a gestão de Luiz Marinho, também filiado ao PT. Na Fundacentro, órgão vinculado ao ministério e responsável por pesquisas na área de saúde e segurança do trabalho, sete dos dez cargos comissionados são preenchidos por petistas. Esse domínio partidário indica uma clara orientação política nas nomeações, priorizando o alinhamento ao partido em vez de experiência técnica para funções estratégicas. Além do PT, outros partidos de esquerda têm sido favorecidos nas nomeações. O PSOL, por exemplo, conseguiu aumentar sua presença nos ministérios dos Povos Indígenas, Direitos Humanos e Igualdade Racial, alinhados aos ideais programáticos da legenda.

Enquanto isso, o PSB marca presença nos ministérios do Empreendedorismo, sob a liderança de Márcio França, e da Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. No ministério de França, um em cada cinco cargos comissionados é ocupado por filiados ao PSB. Em uma análise comparativa, os governos petistas sempre demonstraram uma preferência por ocupar a máquina pública com filiados. Durante os mandatos de Lula e Dilma, o PT chegou a preencher até 15% dos cargos comissionados, enquanto o PSDB, sob Fernando Henrique Cardoso, alcançou 4,4% no fim de sua gestão. A prática do PT reflete uma estratégia consolidada de consolidar bases partidárias dentro do próprio governo, algo menos evidente em gestões de viés mais técnico, como a de Bolsonaro, que buscava diminuir a influência política direta nos cargos.

A expansão da presença petista e de outros partidos de esquerda nos cargos comissionados desperta um debate sobre os impactos dessa estratégia no funcionamento do Estado. Enquanto aliados defendem a prática como necessária para garantir a implementação de políticas alinhadas ao projeto de governo, críticos apontam para os riscos de ineficiência e uso político da administração pública. Essa centralização partidária pode prejudicar a qualidade do serviço público e limitar a autonomia técnica das instituições.