SP dá ao PT seu pior desempenho da história

As eleições municipais de 2024 escancararam o enfraquecimento do PT em São Paulo, um estado tradicionalmente estratégico para o partido, onde já teve uma expressiva base de apoio. O número reduzido de prefeituras conquistadas revela a perda de capilaridade do partido em um cenário que historicamente era favorável à legenda. Com vitórias apenas em Mauá, Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, o PT viu sua presença encolher a 1,1% da população paulista, um retrocesso sem precedentes, especialmente quando comparado aos bons desempenhos em 2012. A comparação com 2020 e 2016 é inevitável. Mesmo em períodos críticos, logo após o impeachment de Dilma e a prisão de Lula, o PT conseguiu uma base mais expressiva, com prefeituras em cidades médias e mais populosas, como Diadema e Araraquara. Em 2012, Fernando Haddad ainda saiu vitorioso na capital paulista, marco de uma era em que o PT se destacava no estado. Agora, a ausência de lideranças fortes e o desgaste da imagem parecem ter pesado no resultado final.

O PT perdeu em cidades simbólicas. Em Araraquara, Edinho Silva, que era considerado um nome forte no partido, não conseguiu eleger sua sucessora, Eliana Honain. A derrota para Dr. Lapena, um candidato do PL e apoiado por Jair Bolsonaro, sinaliza uma mudança significativa no cenário local, tradicionalmente petista, mas que agora se inclina para a direita. A vitória do PL em uma cidade historicamente vermelha representa uma reviravolta na dinâmica política da região. Outro caso foi Diadema, um dos maiores redutos do PT no estado.

O prefeito petista Fillipi não conseguiu a reeleição, sendo derrotado por Taka Yamauchi, do MDB, que contou com o apoio de figuras influentes como Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas. A atuação de Tarcísio, em particular, foi apontada como um fator determinante para a vitória do MDB, mostrando o peso da articulação conservadora nas cidades de influência do PT. Em outras regiões metropolitanas, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo, o desempenho do PT também foi decepcionante, ficando fora do segundo turno.

Esse revés não apenas compromete a presença do partido no cenário local, mas também enfraquece suas bases para futuras disputas legislativas, dificultando a projeção de novas lideranças e a manutenção de cargos estratégicos. A queda do PT na região metropolitana de São Paulo é emblemática. Se em 2008 o partido liderava em 11 municípios dessa área, hoje sua presença se limita a Mauá. Esse declínio acentua o distanciamento do PT com o eleitorado paulista e reforça o avanço de forças conservadoras, que têm se articulado de maneira robusta.