Moraes dá prazo para inquérito sobre Bolsonaro acabar

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu um prazo de 60 dias para a Polícia Federal (PF) concluir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros das Forças Armadas. Essa decisão, tomada em 27 de setembro, sinaliza a urgência com que o STF deseja encerrar uma das investigações mais significativas que envolvem o ex-presidente, além de outras apurações que estão sob a supervisão de Moraes. Após a conclusão da investigação pela PF, o processo será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise e manifestação. O STF espera que outros inquéritos que estão sendo conduzidos, como os das fake news e das milícias digitais, também sejam finalizados até o fim do ano. O relatório da PF é crucial, pois a PGR decidirá se deve ou não apresentar denúncias contra Bolsonaro e outros investigados.

Além da investigação sobre a tentativa de golpe, a PF já forneceu relatórios sobre questões adicionais, incluindo fraudes no cartão de vacinação e desvios de joias que Bolsonaro recebeu como presentes. O procurador-geral da República, Augusto Aras, já solicitou diligências complementares, mas as expectativas são de que uma eventual denúncia seja apresentada em novembro. Um dos inquéritos mais delicados é aquele que pode implicar Bolsonaro em relação aos eventos de 8 de janeiro, dia em que ocorreram os ataques ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional.

Essa investigação é particularmente significativa, pois é a única que pode envolver militares de alta patente, incluindo ex-comandantes das três Forças Armadas que atuaram durante o governo Bolsonaro. Os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes, do Exército, e Carlos Almeida de Baptista Jr., da Força Aérea Brasileira (FAB), relataram à PF que Bolsonaro apresentou a eles uma minuta golpista com a intenção de evitar a posse de Lula.

A Marinha, sob o comando de Almir Garnier, também foi mencionada, com depoimentos indicando que ele sinalizou apoio à tentativa de golpe, embora tenha se mantido em silêncio durante seu depoimento à PF. O andamento dessas investigações está gerando uma expectativa crescente, tanto no âmbito jurídico quanto na esfera política. A conclusão da PF e a análise da PGR sobre os atos de Bolsonaro podem definir os rumos das acusações e implicações legais que o ex-presidente poderá enfrentar nos próximos meses.