Ameaças em Caracas: nova revelação vem à tona após fuga de González.

Edmundo González, ex-candidato à presidência da Venezuela e verdadeiro vencedor das eleições segundo atas divulgadas pela oposição, pronunciou-se após chegar ao exílio em Madri. Ele afirmou que sua saída de Caracas foi marcada por "episódios de pressão, coerções e ameaças". O político venezuelano expressou confiança de que, em breve, a luta pela liberdade e pela recuperação da democracia no país será retomada.

A mensagem de González foi enviada em um áudio que circulou por vários meios de comunicação venezuelanos e latino-americanos, tendo sido compartilhado na íntegra pela Globo News. No áudio, ele relata sua chegada à Espanha no domingo (8), poucos dias após receber uma ordem de prisão na Venezuela. González é considerado por muitos como o verdadeiro ganhador das eleições, cujo resultado oficial declarou Nicolás Maduro como presidente, decisão ratificada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, deverá se reunir nos próximos dias com González. Fontes do Executivo espanhol informaram na segunda-feira (9) que um encontro entre os dois está sendo organizado, embora Sánchez esteja atualmente em viagem oficial à China. Este encontro visa discutir a situação de González e os próximos passos de sua estadia na Espanha. José Manuel Albares, ministro das Relações Exteriores da Espanha, confirmou que González receberá asilo no país.

Ele esclareceu que a solicitação foi feita pelo próprio opositor venezuelano e garantiu que não houve exigências nem negociações com o governo venezuelano para facilitar sua saída. Em entrevistas à rádio Onda Cero e ao canal de televisão Telecinco, Albares afirmou que apenas "contatos operacionais" foram realizados para permitir que González deixasse a Venezuela. Margarita Robles, ministra da Defesa da Espanha, também negou qualquer tipo de negociação com o governo venezuelano. Ela explicou que as questões envolvidas foram "puramente técnicas", relacionadas às autorizações de voo do avião da Força Aérea espanhola que transportou González para Madri. Segundo Robles, essas questões técnicas incluíam a permissão de voo e a autorização para o avião pousar no aeroporto de Caracas para buscar González. González solicitou asilo na Espanha devido às perseguições políticas e judiciais que enfrenta na Venezuela. Ele teve um mandado de detenção emitido contra si por divulgar atas eleitorais que comprovariam sua vitória nas eleições de 28 de julho. O político permaneceu escondido durante um mês, até 5 de setembro, na embaixada da Holanda em Caracas, antes de se deslocar para a embaixada da Espanha. Após permanecer lá até sábado, ele finalmente partiu para Madri, onde espera continuar sua luta pela democracia venezuelana.