Em um editorial contundente publicado nesta terça-feira (9), o jornal O Estado de São Paulo mergulhou no turbilhão do embate entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o empresário Elon Musk, dono da rede social X. O editorial não economizou críticas, comparando Moraes à icônica "Rainha de Copas" do clássico livro de Lewis Carroll, "Alice no País das Maravilhas", conhecida por sua tirania e determinação em cortar a cabeça de quem a desafiasse. A matéria do Estadão destacou a decisão de Moraes de incluir Musk em inquéritos na Suprema Corte do Brasil como um exemplo do "caráter arbitrário" dessas investigações. O jornal não poupou palavras ao criticar não apenas a atitude do ministro, mas também a "obsequiosa cumplicidade de seus pares diante de suas decisões cada vez mais extravagantes". Para o Estadão, a ameaça de descumprir ordem judicial, alegadamente feita por Musk, não justifica a abertura de um inquérito, seja no Brasil ou em qualquer país civilizado. O jornal ressaltou que, caso Musk venha a desobedecer uma decisão judicial, ele deve enfrentar as consequências, mas não antes de cometer tal ato. Além disso, o veículo criticou as justificativas apresentadas por Moraes para investigar Musk, destacando que seria necessário um esforço interpretativo considerável para compreender onde estaria a suposta "instrumentalização criminosa" da rede social X. O Estadão também apontou que as críticas feitas por Musk se referem às decisões de Moraes que, segundo o jornal, violam garantias individuais e direitos fundamentais assegurados pela Constituição brasileira. Para o jornal, é dever do ministro defender tais garantias, ao invés de retaliar quem as questiona. O editorial concluiu ressaltando que quanto mais o STF cometer exageros, mais suas decisões serão questionadas pelos cidadãos, o que pode levar à desmoralização do Judiciário. O Estadão citou o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que recentemente afirmou que a Corte precisa ser "menos proeminente". O jornal expressou a esperança de que isso aconteça, mas destacou a dificuldade de imaginar um Supremo menos proeminente enquanto seus ministros buscarem holofotes, anteciparem votos em entrevistas, participarem de colóquios políticos ou intimidarem aqueles que os criticam. O editorial do Estadão reflete não apenas a opinião do jornal, mas também o intenso debate público em torno das ações do STF e de figuras proeminentes como Elon Musk. A controvérsia continua a gerar repercussões, alimentando discussões sobre os limites do poder judicial e da liberdade de expressão no Brasil.