Governo Lula investe pesado no Programa do Ratinho e hipocrisia de ministro é escancarada

O governo Lula pagou ao menos 3,6 milhões de reais para vincular anúncios no Programa do Ratinho (foto), do SBT, ao longo de 2023. Esse é o programa de auditório que mais recebeu dinheiro federal no ano passado, destaca a Folha de S.Paulo, que chama atenção também para a forma como o hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, se referiu a esse tipo de repasse quando Jair Bolsonaro estava no Palácio do Planalto. “Com Ratinho, com tudo, Bolsonaro devolve a fome ao Brasil mas faz que a culpa não é dele: Bolsa Família recua a patamar de 2010, com 494 mil na fila. Goebbels morreria de inveja”, reclamou Pimenta em 2020. Naquele mesmo ano, Pimenta publicou em caixa alta, em outra postagem, o seguinte: “Mamata: Ratinho recebeu R$ 915 mil para elogiar Reforma da Previdência de Bolsonaro”. Colou? Questionado pela Folha, o ministro tentou se explicar: “Eu tenho uma opinião pessoal sobre isso. Agora, eu estou aqui na condição de Secom. Isso é uma relação institucional. O que eu gosto ou não gosto das pessoas não pode interferir na decisão institucional da aplicação do recurso público”. Pimenta disse ainda que não tem nada a ver com a escolha dos programas onde serão veiculadas as propagandas do governo. “Quem propõe plano de mídia são as agências. Por exemplo: a campanha de recadastramento do Bolsa Família. Qual é o público que eu quero atingir? É o público do C, D e E, eu não vou botar na GloboNews. Entre os programas de auditório, [Ratinho] é o que tem maior audiência nesse público”, justificou-se. Na lista exposta pela Folha, o Domingão com Huck aparece em segundo lugar, com 2,4 milhões de reais em 2023, seguido por Encontro (2,1 milhões de reais), Silvio Santos (1,8 milhão de reais) e Hora do Faro (1,4 milhão de reais). Sites amigos Como mostramos, os sites amigos de Lula voltaram a ganhar suas “mamatas”, como diria Pimenta. O balanço de 2023 aponta que o Brasil 247, famigerado “Brasil 171”, recebeu 697,4 mil reais, mais do que o Estadão (593,1 mil reais) e a Folha (648,9 mil reais). Avesso a escambos com o poder, O Antagonista tem orgulho em permanecer fora da lista, reforça a seus leitores, ouvintes e espectadores a importância do jornalismo independente na vigilância do poder e convida cada um a assinar a revista Crusoé para garantir vida longa a esse trabalho.