O procurador-geral da República Augusto Aras enviou ao empresário Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, mensagens com críticas ao pedido de investigação protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresários que apoiavam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e haviam trocado recados no WhatsApp. O teor das mensagens foi revelado pelo portal UOL nesta quinta-feira.
Na plataforma digital, Nigri enviou a matéria do portal Metrópoles que iniciou a investigação e Aras respondeu: "Se trata de mais um abuso do fulano". A investigação foi instaurada após pedido de Randolfe Rodrigues. A PGR, à época, se manifestou pelo arquivamento.
De acordo com as mensagens interceptadas pela PF e divulgadas pelo UOL, Nigri acionou Aras assim que tomou conhecimento sobre a investigação em que ele era alvo. Após a matéria do Metrópoles, o senador entrou com um pedido para que as mensagens dos empresários fossem analisadas.
Ao UOL, a defesa de Meyer Nigri afirmou que o empresário apenas "perguntou a opinião" do procurador-geral da República. Já à GloboNews, o advogado Alberto Toron afirmou que não houve "qualquer pedido, pleito de ajuda ou interferência". "O diálogo é claro e não permite outra interpretação que não essa", disse.
Três semanas após o diálogo, no entanto, a PGR pediu que o STF trancasse a investigação e anulasse os mandados de busca e apreensão, expedidos por Alexandre de Moraes.
"Que achou?", disse Nigri em mensagem. Aras respondeu: "Vou localizar o expediente, pois se trata de mais um abuso do fulano", sem citar o nome de Randolfe.
Também conforme revelado pelo site, a PF identificou que o fundador da Tecnisa montou uma rede de contatos dentro da PGR para tentar obter facilidades. Além de Aras, ele trocou mensagens com um assessor e teve um encontro com a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo.
O Globo