Uma manifestação batizada de Movimento Esmeralda, iniciada por artistas, jornalistas, técnicos e auxiliares administrativos da Rede Globo, ganhou forte repercussão nas redes sociais desde a última segunda-feira (22) após Ana Maria Braga, Felipe Andreoli e Patrícia Poeta usarem roupas verdes durante a apresentação do Mais Você e do Encontro, respectivamente.
O público acredita que eles também aderiram, de forma silenciosa, o ato que acontece em apoio à engenheira Esmeralda Silva (nome fictício), que trabalhou na emissora entre os anos de 2017 e 2018. Ela foi atacada por quatro homens, em ocasiões diferentes, durante o horário de trabalho.
Em uma ação trabalhista que moveu contra a Globo por assédio sexual, assédio moral e xenofobia, Esmeralda ganhou uma indenização no valor de R$ 2 milhões. A empresa propôs um acordo, que não foi aceito, e depois recorreu. O caso está no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.
O Movimento Esmeralda começou a ser articulado após uma reportagem da revista Piauí, na sexta-feira, 19. A ideia partiu das equipes de jornalismo e ligadas ao Centro de Transmissão e Recepção de Sinais, setor onde Esmeralda trabalhava e sofreu as agressões, em São Paulo.
Nas imagens que circulam na internet, mulheres – todas usando verde, dado o fato de a engenheira ter escolhido o pseudônimo “Esmeralda” – seguram cartazes onde estavam escritas as frases “Mexeu com uma, mexeu com todas” e “Somos todas Esmeralda”. Elas se reuniram em uma escadaria da Globo, em São Paulo, para fazer um retrato oficial do movimento.
NOVO DEPOIMENTO NO RIO DE JANEIRO
Esmeralda vai prestar depoimento na próxima quinta-feira (25) em uma audiência de instrução na 36ª Vara do Trabalho, do Rio de Janeiro, em uma ação civil pública por assédio sexual que o Ministério Púbico do Trabalho move contra a Rede Globo.
O procurador Francisco Carlos da Silva Araújo, autor da denúncia, juntou o caso de Esmeralda com o das denunciantes do caso que envolve o ex-diretor de humor Marcius Melhem, denunciado por várias colegas da Globo. Ele nega ter cometido qualquer episódio de assédio.
Em nota, a emissora disse estar ciente do “Movimento Esmeralda” e destaca que “a livre manifestação dos profissionais da empresa está em total alinhamento com a nossa gestão de transparência e diálogo permanente. De qualquer forma, a Globo reitera que não comenta casos de Compliance e aproveita para reiterar também que a empresa mantém um Código de Ética em linha com as melhores práticas atualmente adotadas, que proíbe terminantemente o assédio e deve ser cumprido por todos os colaboradores, em todas as áreas da empresa”.
– Da mesma maneira, a Globo mantém uma ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação de seu Código de Ética, que são apurados criteriosamente, com a punição dos responsáveis por desvios. Nesse mesmo Código, assumimos o compromisso de sigilo em relação a todos os relatos de Compliance, razão pela qual não fazemos comentários sobre as apurações. Nosso sistema de Compliance também prevê o apoio integral aos relatantes, proibindo qualquer forma de retaliação em razão das denúncias – finalizou.
*AE